quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Eleições na vida real

Depois de 12 horas de espera, das 9 da noite de terça-feira, até 9 da manhã e quarta-feira, três filhos e um pai, que precisava realizar uma tomografia, perderam a "classe".

O plantão já havia mudado3 vezes, e nada resolvido. As perguntas não tinham uma resposta concreta: "Agurade por favor, logo o médico virá para acompanhá-los". O médico não chegou, o cansaço e a indgnação se instalaram e a gritaria começou.

"O pior - diz a filha revoltada - é que depois de 12 horas de espera, sentada em um banco frio, meu pai e eu somos tidos como ignorantes, já que não procuramos atendimento anteriormente. É o cúmulo".

Eu chegeui às 6h30 da manhã, com meu pai de 80 anos. Tivemos que aguardar, "pacientemente", pelo médico para, então, sermos atendidos.

Dentre as revoltas de todos os presentes, cada um com sua queixa ao sistema de saúde, chegamos à firme conclusão de que as eleições que se aproximam são inúteis e muito simbólicas. Independente da legenda que cada um votaria ali, o descaso e a falta de investimento em pessoal qualificado e na própria estrutura dos hospitais, continuariam, já que a crise é crônica!

Em cada campanha há um foco. Nessas eleições o trânsito está como prioridade. Dá a impressão de que outras prioridades foram resolvidas e, por isso, o trânsito paulistano pode ser olhado com mais cuidado e profundidade.

Me parece que o melhor momento de refletir sobre o voto é durante uma enchente na cidade, uma espera louca no hospital, um congestionamento na marginal e um assalto no centro da cidade de São Paulo. Entretanto, é durante os intervalos das novelas e dos programas de entretenimento, que nossos candidatos aparecem, bem maquiados e com sorriso de esperança, para propor "soluções cabíveis" à população, que está emergida em um prazer produzido pela tv, e compartilhando dos mesmo ideais desses candidatos.

O dia-a-dia é a melhor forma de avaliar um voto. Acredito que nenhum deles farão algo novo. Nenhum deles têm propostas transformadoras. Se as têm, deixam guardadas para os últimos 2 anos de gestão, quando deixarão para o próximo, e, assim, acusá-lo de "barrar uma excelente obra iniciada no mandato anterior".

Meu pai e eu saímos no hospital do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, às 11 horas da manhã! Mais incrível do que esperar 5 horas para trocar uma sonda e fazer exame de urina, é constatar que a tomografia ainda não havia sido feita e que aqueles três irmão ficariam, quem sabe, um pouco mais com o pai, para realizar o exame.

Não é hora de assistir televisão para escolher o candidato. É hora de sentir o calo doer ao ir para o hospital, pegar onibus e metrô lotado, e ser assaltado no centro da cidade. É hora de votar no menos ruim, para que a omissão não nos condene ainda mais!