quinta-feira, 26 de março de 2009

Crime é crime


Na semana passada, ao voltar para casa depois de buscar a Anita na escola, eu e meu esposo fomos surpreendidos com uma cena que, embora inseridos na zona leste, nos é pouco comum.

Segundo os populares que se aglomeravam na avenida que dá acesso à nossa rua, e também na própria rua, a pouco acontecera um assalto a uma agência dos Correios e o meliante morreu momentos depois de ser atingido com dois tiros.

A muvuca era realmente grande. Quando entramos na rua de nossa casa, vimos alguns policiais militares conversando com funcionários dos Correios e com o autor dos disparos. Este era um policial civil que estava no local na hora e que o garoto, armado, anunciou o assalto.

Em seu papel de policial e investido de autoridade para fazê-lo, o homem grisalho que não estava em atividade naquele momento, anunciou que era policial e deu voz de prisão ao bandido. 

Tudo isso, claro, segundo as "testemunhas"que encontramos na rua enquanto caminhávamos para casa. Essas testemunhas contaram, ainda, que ao ser surpreendido pelo policial a paisana, o assaltante desistiu da ação e saiu correndo da agência, correndo para a avenida.

O policial civil foi atrás do garoto, de 15 anos, que por não parar levou 2 tiros nas costas e, depois de insistir um pouco, caiu na calçada, desacordado.

O resgate e a polícia foram acionados. O policial que disparou contra o ladrão ficou no local do assalto até a PM chegar. Depois de alguns depoimentos ele foi liberado.

Nós vimos o policial civil... ele estava com uma blusa do "Barracuda", um bar+balada que fica na região da Penha (ZL) e dirigia uma van de "quitutes"(salgados e afins). Talvez o ramo não seja tão rendável para se ter apenas uma atividade.

No caminho conversamos com comerciantes da região, com moradores... cada um tinha uma olhar sobre o ocorrido. Para os comerciantes, foi algo positivo, afinal era um delinquente a menos para atrapalhar o dia-a-dia de pesseos honestas e trabalhadoras.

Mas uma opinião diferente ressoou... Um jovem, de vinte e poucos anos, com um estilo skate e punk rock, estava atordoado com a idéia de que um policial matou uma pessoa, sem ofelhecer o direito de rendimento. Para ele, a autoridade do civil era de render o bandidinho e o prender, dando, ainda, o direito de ter uma advogado e um telefonema, que possivelmente seria para a própria mãe.

A mãe do garoto, delinquente, bandido, ladrão, asaltante e, agora, difunto, não recebeu a ligação do próprio filho e não ouviu sua voz arrependida, dizendo que nunca mais faria aquilo.

Poderíamos pensar que esse muleque estraria na Fundação Casa arrependido e sairia de lá um profissional do crime. Mas só poderíamos pensar, já que a sorte já foi lançada.

Prefiro pensar que o muleque tentou uma primeira vez aquilo que "os manos" ja tinham feito e se deram bem... Prefiro pensar que ele mesmo acreditou: "comigo vai dar certo também, nem preciso atirar".

Pensando bem, não quero pensar, não quero lembrar... eu não o conhecia... foi só mais um crime... menos um, menos esperança... nada de tolerância.

2 comentários:

Rose Soler disse...

Ler seu texto me faz pensar que é complicado julgar quais os motivos que levam alguém a decidir partir para o mundo do crime e, principalmente, pq alguns decidem atirar primeiro e perguntar depois.

Talvez seja pela adrenalina do momento, a falta de perspectiva de um futuro melhor, o desejo de um status maior no grupo ou simplesmente um dia ruim o que faça com que as pessoas tomem tais atitudes. Ou talvez.. talvez não seja nada disso...

bjos

Lívia Lima disse...

Assisti "ônibus 174" domingo e durante o filme esse foi o grande debate em casa: quem é culpado do que em situações como essas? É difícil julgar a todos. E as vidas e as mortes vão se ficando banalizadas...

Comenta meu Blog, tem muitos textos novos!!!

bjs