segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Por meia dúzia de peças de roupa e uns trocados na gaveta


No final de 2008 me formei em jornalismo com a cabeça cheia de boas intenções e alegrias de recém-formado!
Em Maio de 2009 abri uma empresa com meu esposo por perceber que meus sonhos não me levariam a um lugar estável para criar minha filha... o jeito era arregaçar as mangas e tentar o que fosse possível para ganhar o pão de cada dia e viver dignamente, no mínimo.

Em Julho a loja de roupas infantis, Terra Mágica, estava inaugurada e o "gás" para o trabalho em alta!

Em agosto, o primeiro baque chegou: De madrugada, indivíduos bem informados entraram na loja e limparam tudo o que tínhamos de roupa... "um limpa estoque".
Como covardia não era o nosso forte, sacudimos a poeira e, no final de Setembro, lá estava a Terra Mágica em pé novamente.

Outubro, Novembro, Dezembro (e as boas vendas de Dezembro) passaram com muito custo (e custo alto) e enfim o ano de 2009, tão tumultuado, se foi.

Depois de um feriado perfeito de muito descanso, o pesadelo voltou com outra face: Novamente assaltados, desta vez não com a mesma carga, levaram algumas peças de roupas, dinheiro e documentos, mas deixaram um susto que custará a se apagar.

Incrível o poder de uma arma! Silencia o grito mais óbvio e esconde a coragem mais louvável.

Os minutos não passam, não é mesmo?

A constatação da impunidade tão gritada na boca de toda a sociedade, irrita ainda mais quando somos nós as vítimas dela.

Depois do assalto me dirigi à DP mais próxima para fazer o B.O, mas não havia sistema: "Aguarde (sem previsão) ou volte amanhã!

Imagino que a essa hora, quem mais uma vez lesou um cidadão, está contando vantagem em algum lugar, rindo e debochando da facilidade de se fazer o que fez, se considerando muito homem por ter abordado com arma em punho , alguém indefeso, que obedece a tudo pelo simples fato de não saber o que se passa na louca cabeça de quem tem o poder de tirar ou poupar a vida do outro, por meia dúzia de peças de roupa e uns trocados na gaveta.

Você pode estar se perguntando: "Mas você não tem seguro, alarme ou alguém que faça a segurança do seu estabelecimento?" E eu te respondo: " Então para quê tantos impostos se trabalho para me proteger?"

E o pior... Sim, eu tenho tudo isso para "proteger" a loja...Talvez ainda não seja o suficiente!

Suficiente não é também a esperança, que pouco a pouco definha e desiste de acreditar.

E olha que somos tão jovens...

2 comentários:

Lívia Lima disse...

Infelizmente essa é a realidade social do nosso país.
A gente se pergunta o que podemos fazer para mudar e as respostas não aparecem.
O jeito é seguir em frente, pensando um pouco como na música d'O Rappa, da paz que não queremos, aquela q não é paz, é medo.

Unknown disse...

Diante do susto, da tristeza de ver o trabalho sendo levado injustamente, e do trauma, só nos resta levantar as mãos aos céus e agradecer pela vida.
É justo ser grato mesmo com tudo isso? Não.É justo que eles fiquem impunes? Também não.
Mas como é bom poder dizer que a vida continua, e com ela o trabalho e a luta contra esse mal...
Mas que da raiva, isso dá