quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O rio que chora


Mesmo hospitalizado, Dom Luiz Flávio Cappio, o bispo de Barra (BA), é a representação da força e da determinação que vem dos fracos e opimidos. Oprimidos agora não pela terra que, seca, torna a vida mais difícil, mas pela mãos daqueles que foram escolhidos para tornar essa dura vida, mais digna de prosseguir.

"A transposição tem muito pouco a ver com a seca. Tanto que os canais do eixo norte, por onde correriam 71% dos volumes transpostos, passariam longe dos sertões menos chuvosos e das áreas de mais elevado risco hídrico.

E 87% dessas águas seriam para atividades econômicas altamente consumidoras de água, como a fruticultura irrigada, a criação de camarão e a siderurgia, voltadas para a exportação e com seríssimos impactos ambientais e sociais.

Todas estas implicações não foram transparentemente discutidas com as populações envolvidas como os ribeirinhos, os pescadores, os indígenas, os quilombolas e a comunidade científica."
(http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/12/406027.shtml)


Em greve de fome desde 27 de novembro contra a decisão do Supremo Tribunal Federal que na quarta-feira derrubou uma liminar e a representação que determinavam a suspensão das obras de transposição do Rio São Francisco, o bispo conta com o apoio de muitos segmentos da sociedade, como a Comissão Pastoral da Terra, que está acompanhando a determinada ação do bispo.

Hoje d. Cappio dirá se prosseguirá ou não com a greve de fome, mas o que deve marcar não é o tempo em que este homem de Deus está sem se alimentar, mas o tempo que isso demorará para ser enxergado pela sociedade, para forçar o governo federal a parar.

Lula diz que não vai se deixar vencer por greve nenhuma de fome, e que isso não é digno de um homem que se diz seguidor dos ensinamentos de Deus. "Entre a greve de fome e os 12 milhões de nordestinos, eu fico com os 12 milhões”, disse Lula.

"O projeto de transposição vem sendo conduzido de forma arbitrária e autoritária: os estudos de impacto são incompletos, o processo de licenciamento ambiental foi viciado, áreas indígenas e quilombolas são afetadas e o Congresso Nacional não foi consultado como prevê a Constituição.

Há 14 ações que comprovam ilegalidades e irregularidades ainda não julgadas pelo Supremo Tribunal Federal. Mas o governo colocou o Exército para as obras iniciais, abusando do papel das Forças Armadas, militarizando a região.

A decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1a. Região, de Brasília, de dez de dezembro deste ano, obrigando a suspensão das obras, comprova o caráter problemático do projeto governamental.

São tais fatos que sustentam o jejum e as orações do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, pessoa humilde, aberta ao diálogo e amigo dos pobres que há mais de 30 anos convive com os problemas do Vale do São Francisco".
(http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/12/406027.shtml)


Enquanto Lula e seus acessores lutam para manter os interesses dos donos do Brasil, Cappio luta com a vida para manter a dignidade de milhares de famílias no sertão. O falso discurso de interesse nos pobres do Brasil cai por terra ao observar quantos dados ambientais mostram qe esse projeto é inviável.

As obras se iniciaram em junho deste ano, a greve de fome em novembro... Mas a decisão final está na mão de todos os cidadãos que conseguem enxergar o Brasil como um todo, e não apenas a região sudeste.

Se somos minorias, somos uma minoria que olha o Brasil com olhos de amor à pátria e aos seus filhos... Dom Luiz Cappio é o exemplo a ser seguido. Ele não é eterno, mas seus esforços são dignos de memória eterna. Ele está oferecendo sua vida para que o povo e o rio tenham mais vida.
Leia mais, queira saber mais sobre todo esse processo.
Acesse http://www.umavidapelavida.com.br/ e participe dessa luta pela vida.

Um comentário:

Rose Soler disse...

Sabe, admiro essas pessoas que tem coragem de se sacrificar por algo em que acreditam, pois não sei se teria a mesma coragem.

Mas, assim como o bispo, tenho lá minhas dúvidas se essa transposição ajdaria mesmo a diminuir o problema da seca em algumas regiões do Nordeste como querem que acreditemos, ou esse fato contribuiria apenas prá enriquecer mais ainda alguns. É esperar para ver.